Luis Alberto Borges Corá
Quando Deus colocou em meu coração o desejo de realizar o projeto DOMA RACIONAL E A INCLUSÃO SOCIAL, fiquei realmente feliz por poder contribuir para a inclusão no Brasil, bem como mostrar exemplos de vidas como Monty Robert, que com o seu aguçado senso de observação fizeram dele um pioneiro na comunicação com animais – não apenas equinos, diga-se de passagem – e o levaram a entender a linguagem que batizou de “Equus”. Ouvindo-os, ele os iniciou para corridas e rodeios sem chicotes, sem esporas e, o que é fundamental, sem violência alguma. E mostrou como ninguém como derrubar preconceitos e refazer paradigmas sociais, fazendo um trabalho fantástico.
No projeto quero enfatizar a Comunicação não só entre o homem e o animal, como é a proposta da Doma Racional, mas principalmente aprender com ela e de sua importância da comunicação interpessoal como agente de modificações. Não podemos perder de vistas a igualdade democrática entre todos os brasileiros.
A comunicação entre as pessoas permite a mudança da maneira como elas percebem a si mesma e aos outros. Imagine então quão enriquecedora é a comunicação do ser humano e os animais. Além disso, a comunicação permite a constatação das diferenças de outras pessoas e percebemos a individualidade delas.
A relevância da comunicação não só entre as pessoas, mas também do humano com o animal é um fato extraordinário e precisa ser trabalhado como instrumento de transformação. Se entendemos o significado da comunicação percebemos que ela é um importante veículo para o desenvolvimento pessoal e do grupo.
Outra importante condição é a de ouvir com compreensão. Temos tendências a julgar, apreciar, aprovar ou desaprovar as afirmações de outras pessoas. Essa tendência intensifica-se nas situações que envolvem sentimentos e emoções. Então podemos afirmar que a comunicação real efetua-se quando ouvimos com compreensão, isto é, quando tentamos compreender o quadro de referências do outro sem avalia-lo pelo nosso. A este processo chamamos de empatia.
Precisamos mudar essa imagem de deficiente coitadinho, que se isola e conscientizar a sociedade com relação ao portador de deficiência e/ou necessidades especiais, pois tudo é uma questão cultural, uma vez que a mesma não está preparada para entender a pessoa portadora de necessidades especiais. A sociedade é limitada de alguma forma.
Segundo a ONU, existem no mundo cerca de 500 milhões de pessoas com deficiência, das quais 80% vivem em países em desenvolvimento. No Brasil, o Censo de 2000 registrou um universo de 24 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o correspondente a 14,5 da população.
Mesmo assim, diante deste universo, faz-se necessário conhecer a realidade das pessoas com deficiência e suas respectivas necessidades, visando encontrar caminhos para a sua plena inclusão social. Reconhecendo que as maiores dificuldades residem nas barreiras sociais, e não nas barreiras funcionais decorrentes da deficiência física, auditiva, visual, mental, múltipla, surdo-cego, autismo, mobilidade reduzida, dentre outras.
O deficiente é um ser livre, é uma pessoa que tem direito a integração, estudo, educação, saúde, lazer, transporte, família e casamento. É uma pessoa comum, que por alguma razão, nascimento, ou trajetória de vida sofreu um acidente, teve alguma moléstia, violência física e por isso ficaram portadoras de deficiência, ocasionando algumas sequelas físicas, sensoriais, psíquicas, mas que não deixa de ser uma pessoa humana. E ainda: é um ser humano e como ser humano tem direitos e deveres.
A integridade é uma das características mais importantes do ser humano. Para que uma pessoa tenha uma vida íntegra e vitoriosa, é preciso respeito e reconhecimento. A inclusão social é um de nossos maiores objetivos e desafios.
O deficiente é um valente, mesmo que esteja sofrendo, passando por dificuldades, mesmo que esteja sentindo-se amedrontado pelas circunstâncias, não para, não se cansa, não desiste, não esmorece, porque sabe que sua vitória já está garantida, pela fé e esperança de dias melhores.
Neste sentido, eu como portador de deficiência física que sou e atleta paraolímpico realizei na prática a Doma Racional, bem como um estudo sobre este assunto, baseado na vida e obra de Monty Robert. Pude constatar que este sistema de domar animais funciona e pode contribuir para um importante processo de inclusão e melhoria na qualidade de vida de pessoas portadoras de deficiências e necessidades especiais.
A Doma Racional é um exemplo de adestramento. Trata-se de um sistema que consiste numa série de técnicas ordenadas, que permitem a comunicação com os cavalos. Cria canais de comunicação num clima agradável e de confiança mútua, onde educar um potro, por-lhe uma sela e montá-lo se consegue em tempo incrivelmente curto e com uma qualidade de mansidão muito maior.
Tenho a convicção de que o projeto atende os anseios de uma parcela da sociedade e representa a qualidade de trabalhos já desenvolvidos na área de equoterapia em prol da inclusão da cidadania brasileira.